quinta-feira, 28 de novembro de 2013



Segunda Lei de Mendel
   Em suas primeiras experiências, Mendel verificou apenas uma característica de cada vez (monoibridismo), não se preocupando com as demais características. Depois de muitas experiências, Mendel prosseguiu com suas pesquisas e começou a se preocupar com o comportamento de duas características, analisando dois caracteres ao mesmo tempo. Ao verificar cruzamentos que envolviam dois tipos de características (di-hibridismo), Mendel enunciou a sua segunda lei, também chamada de lei da segregação independente ou lei da recombinação. Para realizar essa experiência, Mendel cruzou plantas puras de ervilha originadas de sementes amarelas e lisas (traços dominantes), com plantas puras de ervilha originadas de sementes verdes e rugosas (traços recessivos). A geração F1 era totalmente constituída por sementes amarelas e lisas. O resultado da geração F1 já era esperado, já que as características eram dominantes e os pais eram puros.




   Após o primeiro cruzamento, Mendel realizou uma autofecundação entre as plantas originadas das sementes da geração F1, e obteve como resultado quatro tipos de sementes: amarelo-lisas (9/16); amarelo-rugosas (3/16); verdes-lisas (3/16) e verde-rugosa (1/16).

 




“Amarelo-lisas” e “verde-rugosa” eram fenótipos já conhecidos, mas “amarelo-rugosas” e “verde-lisa”, não estavam presentes na geração paterna e nem na geração F1. A partir daí, Mendel concluiu que a característica de cor da semente (amarela ou verde), não está ligada à característica formal da semente (lisa ou rugosa), ou seja, a herança da cor era independente da herança da superfície da semente. Levando em conta esses cruzamentos, podemos dizer que na segunda lei de Mendel os genes para um ou mais caracteres são transmitidos aos gametas de forma independente, recombinando-se ao acaso e formando todas as combinações possíveis.


Probabilidade genética
A probabilidade está presente em diversas situações que envolvem resultados possíveis (espaço amostral) e resultados favoráveis (eventos). Os jogos de azar, como o dado, as cartas e as loterias, necessitam dos cálculos probabilísticos na determinação das chances de um jogador ganhar ou perder. A Genética é outra área que utiliza as teorias da probabilidade, pois os acontecimentos nesse ramo da Biologia envolvem eventos aleatórios, como o encontro dos gametas masculinos e femininos com determinados genes na fecundação. Vamos supor que um indivíduo heterozigoto para determinada característica (A a) forma dois tipos de espermatozoides, A e a. Caso uma mulher também seja heterozigota, formará óvulos A e a.
  A fecundação ocorrerá ao acaso, pois não sabemos qual espermatozoide, A ou a será responsável pela concepção ou qual célula feminina será fecundada A ou a.
Observe o esquema:





Veja o quadro de possibilidades:



 Exemplo:
 Um homem e uma mulher possuem pigmentação normal. O homem é filho de um pai normal e uma mãe albina. A mulher é filha de uma mãe normal e um pai albino. Determine a probabilidade de eles terem um filho albino do sexo masculino.

Homem = Aa
Mulher = Aa 




Probabilidade de criança albina = 1/4
Probabilidade de criança sexo masculino = 1/4 + 1/4 = 2/4 = 1/2
Os eventos criança albina e criança sexo masculino são independentes, dessa forma temos que para a criança ser albina e possuir o sexo masculino a probabilidade é a seguinte: 1/2 * 1/4 = 1/8 ou 12,5%.


Os grupos sanguíneos
   O fornecimento seguro de sangue de um doador para um receptor requer o conhecimento dos grupos sanguíneos. Estudaremos dois sistemas de classificação de grupos sanguíneos na espécie humana: os sistemas ABO e Rh. Nos seres humanos existem os seguintes tipos básicos de sangue em relação aos sistema ABO: grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O.
  Nas hemácias humanas podem existir dois tipos de proteínas: o aglutinogênio A e o aglutinogênio B. De acordo com a presença ou não dessas hemácias, o sangue é assim classificado:
    Grupo A – possui somente o aglutinogênio A;
    Grupo B – possui somente o aglutinogênio B;
    Grupo AB – possui somente o aglutinogênio A e B;
    Grupo O – não possui aglutinogênios.
  No plasma sanguíneo humano podem existir duas proteínas, chamadas aglutininas: aglutinina anti-A e aglutinina anti-B.
   Se uma pessoa possui aglutinogênio A, não pode ter aglutinina anti-A, da mesma maneira, se possui aglutinogênio B, não pode ter aglutinina anti-B. Caso contrário, ocorrem reações que provocam a aglutinação ou o agrupamento de hemácias, o que pode entupir vasos sanguíneos e comprometer a circulação do sangue no organismo. Esse processo pode levar a pessoa à morte.


   Nas transfusões de sangue deve-se saber se há ou não compatibilidade entre o sangue do doador e o do receptor. Se não houver essa compatibilidade, ocorre aglutinação das hemácias que começam a se dissolver (hemólise).  Em relação ao sistema ABO, o sangue doado não deve conter aglutinogênios A; se o sangue do receptor apresentar aglutininas anti-B, o sangue doado não pode conter aglutinogênios B.






Sistema RH
   Landsteiner, por volta de 1940, injetaram hemácias de um grupo de macacos da espécie Macaca rhesus em coelhos e com isso obtiveram um anticorpo chamando anti-Rh. Injetaram esses anticorpos em pessoas e observaram que em algumas esse anticorpo provocava reação de aglutinação das hemácias. Se as hemácias aglutinavam na presença do anti-Rh, é porque possuíam a aglutinina correspondente. Essas pessoas foram chamadas de Rh+ por possuírem as aglutininas. Em pessoas que não ocorria aglutinação não há aglutininas, e estas foram chamadas de Rh-.
Aglutinina
Fator Rh
Presente
Rh +
Ausente
Rh -

Ao contrário do sistema ABO, o sistema Rh não possui aglutininas anti-Rh (anticorpos anti-Rh). Para uma pessoa produzir esses anticorpos, ela precisa ser sensibilizada, ou seja, receber hemácias Rh + em sua circulação sangüínea. Essa situação faz com que o organismo produza anticorpos contra esse antígeno (Rh) e crie uma memória. Essa sensibilização pode ocorrer durante uma transfusão sanguínea ou quando a mão Rh – tem um filho Rh +.
Genética do sistema Rh
Os alelos R e r condicionam a produção do antígeno que determina o fator Rh.
Alelo
Função
R
Codifica a produção do antígeno
r
Não codifica produção de antígeno
O alelo R é dominante em relação ao alelo r, portanto, existem três combinações genotípicas possíveis:
Genótipo
Fenótipo
RR e Rr
Rh +
rr
Rh -

É a destruição das hemácias do feto, podendo levá-lo à morte. Esse processo ocorre quando a mãe é Rh – e seu sangue entra em contato com o sangue do bebê, que possui Rh +.
Durante a gravidez, principalmente na hora do parto, quando ocorre ruptura da placenta, há passagem de hemácias fetais para a circulação sanguínea da mãe. Esse contato provoca uma sensibilização, e o sangue da mãe passa produzir anticorpos contra o fator Rh e adquire uma memória. Durante a primeira gravidez essa sensibilização é pequena e não chega afetar o bebê. Na gestação seguinte, se não forem tomados os cuidados necessários, os anticorpos maternos atravessam a placenta e destroem as hemácias do feto, e esse processo continua mesmo após o nascimento.  
Este processo pode ser evitado se a mãe receber uma injeção intravenosa de soro contendo anti-Rh, logo após o nascimento do primeiro filho. Esse soro provoca a destruição das hemácias com Rh + (hemácias do filho) que entraram na circulação materna, evitando a sensibilização e produção de anticorpos.